Lápide em granito, proveniente da demolida capela de S. Brás sita ao castelo de Castelo Branco. Entrou para o Museu Francisco Tavares Proença Júnior de Castelo Branco a 24 de Janeiro de1909, por oferta da Junta da Paróquia.
Leitura:
VISCERA,SVNTVNVM
IMVS,VENTER,SEXUS
ET HEPAR:
BINIE,SVNT,ANIMAE,CAE
TERA,BINA,QVOQVE
ISTIS,QVAM,VITAM,
BONA,-DAT-VENTV
RA,GEMELLIS,
ABDONETSENNEN,
RESTITVERE,DEO
AST,HORIS,SEPTEM,
LANGVES,IAGET,
VNA,SVPERSTES,
SIC,SOCIAE,SATA,
GENS,DVM,SEQVI
TVR,MORIENS
1716
Interpretação: Abdon e Sémen, que nasceram ligados, têm um só baixo ventre, sexo e fígado; têm vidas diferentes e distintas todas as demais coisas. Deram a vida a Deus, pois, morreu um e o outro morreu também, desfalecendo pouco a pouco durante sete horas. Juntos foram gerados, juntos viveram e juntos morreram. 1716
Dimensões: 140 x 66 x 9 cm
Número de inventário: 10.66
Relata este documento um parto prodigioso ocorrido a 14 de Julho de 1716, em que nasceram gémeos siameses ligados pelo baixo ventre. Faleceram a 31 de Julho, sendo sepultados, depois de autopsiados por ordem do Bispo da Guarda D. João de Mendonça num nicho da parede da capela de S. Brás. Posteriormente o mesmo Bispo mandou eleborar esta lápide a evocar o fenómeno e colocou-a a cobrir o nicho onde os infelizes gémeos foram colocados.
Existe inúmera bibliografia sobre o acontecimento, com destaque para o estudo de Pedro Salvado (Um parto prodigioso em Castelo Branco no séc. XVIII, in Medicina na Beira Interior da Pré-história ao século XX, 8, 1994, p. 53-60). Sobre a lápide em si ainda está por ser feito o estudo de pormenor, no qual estou debruçado.